sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Escrevo porque...

Eu escrevo...porque não posso viajar quando e para onde quero...
Porque não sei ser atrevida, mas meus desejos se deitam tão à vontade sobre o papel...
Eu escrevo porque eu gosto de falar, mas sempre me sobra o que dizer que não cabe na voz...

Porque eu adoro ser menina, porque que eu preciso ser mulher...porque eu quero ser livre, mas ter para onde voltar...
Escrevo porque tem estrelas no meu céu, e não lâmpadas fluorescentes... porque eu não acho que dia de chuva seja "tempo feio"...
Escrevo porque eu me apaixono pelas músicas, e pelas histórias...e pelo herói do romance...
Escrevo porque habitam em mim outras pessoas que nem sabem disso...
Escrevo porque meu amor não é cego, apesar de surdo...

Escrevo porque preciso suportar as lembranças...espalhá-las para que queimem menos...
Escrevo porque amo demais, e quem teme “eu te amo” são os humanos, não os livros, as palavras....ou meu espelho...
Escrevo porque um psicólogo seria caro demais e não tenho amigos que possa confiar...

Escrevo porque eu choro quando meus animais de estimação morrem...e porque não tenho vergonha de comer algodão doce na pracinha com 23 anos de idade...
Eu escrevo porque as vezes eu fico sem certezas...
Porque preciso sentir o amor que queria ter...roubar o beijo que não tive coragem...escrevo para acariciar teus cabelos...

Porque eu tenho vontade de voltar a ser menina e pedir colo...
Porque eu tenho medo de me perder de mim... minhas letras são meu mapa...
Escrevo pra montar a colcha de retalhos que é minha vida...

Escrevo porque nem tudo meu espelho reflete, mas as letras são meu retrato mais fiel...
Escrevo porque nem eu me traduzi ainda... estou decodificando-me...
Escrevo porque as palavras sonham comigo, dançam comigo...riem, fazem castelos de areia e jogam cartas, mateiam... e me devolvem os sentimentos que lhes devoto no mesmo teor...
Escrevo porque sou diferente, estranha e ninguém me vende nada a troco da moeda que uso...
Escrevo porque tenho saudades de acreditar.
Escrevo porque eu desisti de tentar ser igual, ser normal.